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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Crônica Fevereiro

A terceira carta

EDGAR ADÃO POTH

Pai,
Esta é a terceira vez que te escrevo....mas já não tenho palavras...a voz abrandou. Que essa crônica seja o calcário do meu solo, a luz da minha nova face, resplandecida por aquilo que aprendi para superar o insuperável...Que o anseio do meu pranto vá de encontro ao teu e que tua vida infra relatada seja o ânimo que tanto aguardo... Desculpe-me....e obrigado sempre...
Nasceu em Porto Alegre-RS, a 05 de Abril do ano de mil novecentos e vinte e quatro, filho de Adão Paulo Poth e Erna Christmann Poth, ele contador e bancário, ela, do lar. Teve uma criação tipicamente alemã, aprendendo o idioma ainda jovem, na casa dos avós onde só assim se falava. Essa se tornou sua marca, sua cultura durante toda a vida... Ainda muito jovem, desenvolveu a habilidade de desenhista e colaborava com as despesas de casa com seu oficio, sempre destinando metade de seus rendimentos para suas economias. Concluiu tão somente o equivalente hoje ao ensino fundamental, mas sua astúcia e perspicácia encantavam.
Casou-se aos vinte e oito anos com Dulce Cobre, que passou a se chamar Dulce Cobre Poth, seis anos mais moça. Adquiriu sua casa própria, fruto de suas economias e, dois anos mais tarde nasce o primogênito, Ernani Poth, em 1954, fruto daquele amor tão bonito. Seis anos mais tarde, em 1960, nasce a segunda e última peça da prole, Denise Poth. Deu uma educação rigorosa aos filhos, mas sempre muito responsável e ensinando principalmente como administrar as finanças, pelo exemplo que foi.
Anos mais tarde, resolve continuar no ramo, investindo em sua própria empresa de publicidade. Em parceria com seu pai, constroem o prédio próprio da Edapo Propaganda, que mais tarde se chamaria EAP Propaganda Ltda, suas iniciais. Perde seu pai em 1972. Em 1986 afasta-se das atividades da empresa para o merecido descanso, quando constrói sua casa no litoral norte gaúcho no município de Imbé, a qual sua esposa tanto desejava, decorado em motivos sulistas, pela paixão ao Rio Grande do Sul que sempre sustentou. Por fatalidade do destino, Dulce, ainda jovem aos 58 anos, deixa o mundo carnal em outubro de 1988, vítima de cirrose hepática, mal conhecendo a segunda neta, nascida 98 dias antes.
Viúvo aos 64 anos, após trinta e seis anos de amor, a solidão o avassalou. Somente em 1991, aos 67, conhece Eunice Fortes Mór e se casa novamente. Foi um amor tantas vezes conturbado, porém revigorante e translúcido. Fez várias viagens a Fortaleza no Ceará onde residia a filha de sua nova esposa. Sempre desenvolvendo o dom da pintura teve uma fase fértil nos anos 90, criando belas telas da serra gaúcha dentre outros motivos praianos ou gauchescos. Tinha imenso gosto pela arte da dança e nela divertia-se sempre como jovens, ao lado da esposa. Perde a mãe no ano de 1996.
Essa alegria foi contida em fevereiro de 2005, quando derrotada por um câncer de pâncreas, Eunice parte para o plano espiritual. Essa solidão o acompanhou até o fim de seus dias...
De hábitos atléticos e alimentação controlada, sempre elegante, exímio velejador, tentou seguir a vida com a mesma disposição de sempre. Mesmo aos 84 anos de idade, no verão de 2009, esbanjava energia banhando-se ao mar e dirigindo normalmente. Desenvolveu em função da idade uma pequena perda auditiva, mas que tratava com bom humor.
Já a muito lamentava a imensa saudade das mulheres que tanto amou e que o deixaram, em especial sua mãe. Sozinho, na casa que viveu por 57 anos, foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) na manhã do dia 09 de julho do ano do senhor de dois mil e nove, no rigor do inverno gaúcho. Mesmo socorrido por seus filhos, o brilho se fez pó e alçou o contraponto da sublimidade... deixa o corpo carnal na cidade de Canoas-RS, na noite do mesmo fatídico dia nove, aos 85 anos, 3 meses e 4 dias, de uma vida plena de conquistas, independência e profissionalismo, deixando os dois filhos, uma irmã e cinco netos.
Viveu de uma maneira muito peculiar, própria de sua personalidade forte e marcante. Não chegou a conhecer sua tão sonhada Alemanha...Deus quis assim...Quanta falta fazem teus conselhos...mesmo em tua voz tantas vezes repreensiva, a qual tanto me orientei. Parabéns sempre por tudo que conquistastes, pela memória imaculada que trataremos de honrar para sempre, tu és meu herói, tu és único, insubstituível...
Descanse meu velho, que o celestial está contigo...
Beijos serenos e saudosos.......Leonardo A.Poth, 20-02-10 (Breve relato biográfico)
V.B.S.T