ALL ARE WELCOME!

Here metaphysical genres of poetry, romantic, modern poetry and especially Gaucho (Gaucho). We have themes in Spanish and French. I'll love you forever My dear ... 3 years missed (in july) ... I left the Rio Grande in the last 10 january, but remains in my memory ..

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

2011

Emigrações (18-02-11)

Aquele lenço colorado
É só o que pede meus olhos agora
Aquele laço avermelhado
Acende o tom da minha aurora

O que seria desse chão
Sem a contribuição pampeana
Vacariano, pelotense, cisma de vanerão
Naquele adeus servil de Mariana

O intenso frio da serra
Longínquos pagos do norte
Nhapa da vida, longa espera
Flete que conduz a sorte

Aviso o bugre da fronteira
Lá de Rivera, no Uruguay
Aqui começa o Brasil
Ou termina, tanto faz

E é naquela coxilha que vejo
O gaúcho que sorve bomba e mate
Relampejando meu desejo
De um dia vestir de novo escarlate

É macho que bate as botas
Além de couro, trago e pala
Trago nostalgias remotas
De ginete, cartucho e bala
Traço de trincheira
Medo da morte...

Eu preciso desse cheiro, desse pó
São muitos nessas bandas
Ancião ou guri, tenho dó
Já nao mais miro as estancias

Sinto o alvi negro anil
Ah, este faz parte de mim
Aqui ou lá, sou servil
Pois são glórias, louros de cetim

É lusco fusco de gerações
É o bagual que corre ao longe
Guaiaca larga, bombacha de botões
Religioso e casto como monge

E naqueles dias de bolicho
Eram tempos de piá, sinto-me carente
Ah, se meu pai visse o petiço
Cercado da chaleira de agua quente

O relho então vinha certo
Te fresqueia gaudério!
Que só a purinha de butiá
Fazia arder de perto
Aquele danado climatério

Por fim são atos do Rio Grande
Que esta gente buena viu
Já em tempo fervilhante
O herdeiro ela pariu

Sem as cores do aramado
Sem o vinhedo tranquilo
Sem o potro amarrado
Tampouco o mar peregrino

É nativo, é da terra
Tem sangue colorado nas veias
Chora ximango chuleador, berra
E recorda morno as peleias...

Ribeirão Cascalheira, MT.


Copiosa (14-02-11) Livre

Me vejo sempre
Em lágrimas copiosas
Por motivos aleatórios
Que a própria lágrima desconhece

Via-me ontem
Em pranto copioso
Semblante duvidoso
Em coração rancoroso
Que finge estar bem

São ares da pessoa amada
Que tardam em reconhecer
O rosto enxovalhado aos pés
De figueira santa
Murmurando, soluçando
O por que
Dessas finas copiosas

Retumbante é o teu fruto
Aos pés de tantos dias fecundos
Ao lado de quem se ama
É copioso o regozijo
Palpitantes, ó meu Deus!

É o rumo de quem passa
Uma vida por amor
Pelos dias, todos eles
O discurso amiúde
Em ouvidos de seco pranto
E úmido, todavia
De atitude copiosa

Esse ser que alivia meu tormento
Em cuia, em laço, em peito moreno
É ardor ainda em sede ... em goles pios
Das tuas que são ricas e dulces
E só a mim provocam
Lágrimas copiosas...

Em Canarana-MT. ______________________


A Missiva (08-02-11)

Ela leve assim todos os desejos impuros
Só assim desejar aos dias que me restam
E aquelas guardadas que poucos consolam
Foram elas, as missivas, epístolas dos santos
Que confortaram o seio daquele que me abraçou
A fria carta singela que clamava por amor
Que só queria ouvir e ouvir, todavia era surda
Proclamando acordos, conclaves, vitrais de anjos
Daquilo que sempre quis para mim...

São almas que assim comunicam a vontade de Deus
Que nos permite ao clamor de recebe-la
Intrigar ao intimo o desejo intrínseco
De atrair as favas das obscenidades mentais
Ao resgate dos dias que me foram
E jamais terão o gosto e a raiz de prosseguir...

As missivas nunca morrem, que consolo
O que morre é nosso íntimo e contrassenso sentido
Do perdão divino que redime a nos mesmos
Desta fleuma que incomoda inercialmente
Ou que ofusca tao belas linhas de outrora
Quero apenas recordar o carinho e o dia
Que este afago verdadeiro redimiu meu ser

Disparo esta, são sempre missivas
Em mais uma angustia estampada
Daquelas que são cálidas pois reavivam
Sentimentos escusos, sombrios
As missivas são covardes
Retratam a ideia de não desfazer do acaso
Ou da lembrança da fraca memória humana
Que teima em lograr a razão
Disfarçada de negro nos dias chuvosos
De apegos guardados, empoeirados
Da essência do sentido real
Se é que o mesmo ainda existe...

Só sei que elas, as missivas
Estão aqui mais uma vez
Assombram, denotam, suspiram e guardam
Aquela vida medida de tempos atrás
Só agora sabemos o tamanho, o valor
Da paixão incontida, secreta em caixa pequena
Eu só queria esclarecer em tuas linhas
As vergonhas e síndromes que já vencemos
Os dragões e serpentes que engolimos
E o brilho rutilar das aguas que sorvemos...

São elas que abrasam e criam dicotomias
Das certezas tripartites da cruz do alvorecer
Que chora devagar, tênue e permissiva
Com espírito radiante e sedento de assunção
Que podeis ser vós
Até o trágico destruir desta missiva?

Leonardo Adam Poth